Abrangência de ritmos e estratégia de evangelização fazem do gospel o gênero musical mais ouvido por moradores de Salvador

  • 07/06/2025
(Foto: Reprodução)
Segundo a pesquisa 'Cultura nas Capitais', a música gospel lidera a preferência do público na capital baiana, à frente de ritmos como MPB, sertanejo e pagode. Imagem do evento evangélico Canta Bahia, em Salvador Gabriel Ferreira O crescimento no número de pessoas evangélicas em Salvador, constatado no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), se reflete nos hábitos culturais: na terra do axé music e do pagodão, o gênero musical mais ouvido é o gospel. A informação foi revelada pela pesquisa Cultura nas Capitais, divulgada em abril deste ano. O levantamento mostrou que a música golpel é a preferida de 28% dos moradores da cidade. Ritmos como o axé e o samba-reggae, historicamente associados à identidade musical da cidade, sequer aparecem na pesquisa. A Música Popular Brasileira (MPB) figurou como segundo gênero preferido (24%), enquanto o sertanejo (19%) o pagode (19%) apareceram empatados em terceiro lugar. 📲 Clique aqui e siga o perfil do g1 Bahia no Instagram ✍️ O estudo foi conduzido pelo DataSenado em parceria com o Ministério da Cultura, com base em 600 entrevistas realizadas em 2024. Em entrevista ao g1, o cantor baiano Marcos Semeadores avaliou o crescimento do gospel na cidade. Segundo ele, isso deve-se ao fato das pessoas buscarem um conforto com a palavra de Deus através da música. "Isso demonstra que o gênero gospel não está restrito às igrejas e faz parte da vida dessas pessoas, que muitas vezes nem frequentam os templos, mas que estão em busca de uma mensagem de fé, esperança e amor e vivem nesse mundo de agitação e desafios", afirma o artista. Semeadores canta o chamado "pagode gospel" e faz sucesso entre jovens evangélicos. Ele acredita que a ampliação do gênero, que hoje abrange diversos ritmos, contribuiu no alcance do público. O artista também defende que a qualidade da produções musicais é um fator decisivo para que as pessoas optem por escutar música gospel mesmo quando estão fora dos templos. "O gênero gospel está se aproximando das pessoas porque ela não toca só nas igrejas. Está também nos carros, fone de ouvido, churrascos e nas redes sociais". Marcos Semeadores canta pagode baiano e faz sucesso entre jovens evangélicos 🎤🙏 Música como ferramenta de evangelização O gênero gospel surgiu nos Estados Unidos, no início do século XX, fortemente ligado à comunidade afro-americana e à vivência religiosa nas igrejas protestantes. O estilo foi responsável por formar pequenos conjuntos musicais nas igrejas, os famosos corais. Já no Brasil, como pontua Joel Zeferino, que atuou por duas décadas como líder religioso na Igreja Batista Nazareth, em Salvador, os fiéis passaram a usar o termo "gospel" como sinônimo para a música evangélica. "Não importa se é rock, sertanejo ou em forma de axé, tudo é rotulado como gospel. Estamos falando sobre uma apropriação de diversos gêneros musicais muito populares entre os brasileiros. A música designada como gospel abrange uma série de musicalidades", analisa o religioso. Para ele, a preferência pelo gospel vai além da música: trata-se de uma ferramenta de evangelização que se consolidou como fenômeno social. "Muitas pessoas que não frequentam as igrejas evangélicas ouvem as músicas do gênero gospel, porque estão dentro desse ambiente cultural que os evangélicos conseguiram criar pelo grande crescimento nas últimas décadas". Menos da metade da população de Salvador se declara católica; capital tinha maior proporção de pessoas sem religião do país no Censo 2022 Joel lembra que quando começou a frequentar os templos evangélicos, ainda na infância, as cerimônias eram focadas nas pregações dos líderes religiosos. Mas atualmente não funciona da mesma forma. Ele destaca que as músicas fazem parte da programação dos cultos e até mesmo igrejas menores possuem bandas formadas. "As pregações eram acompanhadas de silêncio ou, no máximo, de um instrumento tocando, como fundo musical. Atualmente, os cultos evangélicos, em sua maioria, são ditados pelas músicas. O momento do louvor pode durar até 40 minutos com pessoas cantando junto e uma banda muito ensaiada. Até igrejas simples vão ter um grupo de música", pontua. O evangélico acredita que o fenômeno gospel também esteja relacionado à expansão das músicas evangélicas em rádios "seculares", como são categorizadas as coisas sem vínculo com a religião. De acordo com ele, o fato das canções tocarem a população geral fortalece a disseminação do gênero, inclusive, no catolicismo. A expressão Católica Apostólica Romana tem perdido força no país de modo geral. Em Salvador, menos da metade da população se considerava católica em 2022, conforme demonstrado no Censo divulgado pelo IBGE na sexta (6). Por outro lado, cresceu 17,9% o número de evangélicos, chegando a 523,4 mil cidadãos. LEIA TAMBÉM: Fenômeno gospel aos 15 anos, Maria Marçal escolhe Salvador para gravação de projeto audiovisual: 'lugar muito especial' Pagode, forró e reggae: conheça artistas da BA que fazem sucesso na música gospel e se apresentam no Canta Bahia; evento é gratuito Censo 2022: seis a cada 10 baianos eram católicos, mas número de evangélicos e sem religião disparou Joel acredita que isso ocorre também quando artistas de outros segmentos regravam canções gospel. Um exemplo disso foi a parceria entre o cantor evangélico Klever Lucas e Caetano Veloso, um dos maiores nomes da MPB. Os dois regravaram a faixa "Deus Cuida de Mim", em 2022, e o baiano a incluiu no repertório da turnê com a irmã Maria Bethânia. Recentemente, em entrevista ao g1, Caetano admitiu que percebia a frieza na maioria do público quando cantava o hit gospel. Nesses momentos, ele diz que se concentrava e via até algumas pessoas chorando, emocionadas, na plateia. Caetano veloso e Kleber Lucas cantam 'Deus Cuida de Mim' Dificuldades na produção de eventos evangélicos Apesar da popularidade do gênero gospel na capital baiana, o produtor de eventos gospel e líder religioso Bispo Oliveira revelou ter dificuldades para promover as festividades pela falta de investimentos do poder público. "As autoridades precisam enxergar o tamanho da comunidade evangélica e o que ela representa. Os evangélicos não vão consumir festas seculares, como Carnaval, São João e festas de largo. Eles tem direito a lazer, entretenimento e cultura. Existem diversos tipos de eventos que fazemos, como manifestação de fé, como shows, teatro e espetáculos de dança", detalhou o evangélico. 'Padre sertanejo' deve faturar quase R$ 1 milhão durante São João na Bahia; veja cachês dos religiosos Com a proximidade do São João, Oliveira contou que os evangélicos costumam promover um evento intitulado "Sem João, com Jesus". A festa é uma alternativa cristã às festas juninas, com bandas de forró gospel, diversão e entretenimento para os fiéis, em sua maioria jovens. O objetivo, segundo o evangélico, não é menosprezar a figura de São João, mas exaltar o nome de Jesus Cristo. "Ele é a nossa maior estrela e referência", destacou. Pesquisa mostra que o gospel é o estilo mais ouvido pelos soteropolitanos Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/musica/noticia/2025/06/07/gospel-e-genero-musical-mais-ouvido-por-moradores-de-salvador.ghtml


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